segunda-feira, 4 de maio de 2009
Consommé é bem mais do que um caldo
Presença insubistituível do cardápio do La Benedicta Bistrô, o consommé é bem mais do que um caldo que a Chef Ana prepara com excelência. Ele reúne características que o distingue dos outros fundos. Para os entendidos, não basta que esteja saboroso: assim como o diamante, quanto mais transparente for, mais perfeito ele será. Aqui no La Benedicta fazemos questão de atestar a transparência do consommé, colocando no fundo do prato algum ingrediente (como um pedaço de cebolinha francesa ou outro item como cogumelos flambados) para que o cliente observe o quilate da jóia que irá saborear.
A transparência é obtida por meio de uma técnica chamada purificação, que utiliza um ingrediente extremamente alvo: claras de ovos batidas. Mas o processo não é tão simples assim. Elas devem ser ligeiramente batidas e acrescentadas à panela com o caldo (de carne ou frango) já quente. Quando uma crosta se formar na superfície é necessário fazer um furo num dos cantos para que o vapor tenha por onde sair. Com o cozimento lento, a camada grossa de claras irá aspirar as “impurezas” do caldo.
Mas todo cuidado é pouco: se o fogo não estiver brando de fato, o líquido entra em ebulição, transborda e aí acontece como nos desastrosos episódios de leite fervido que derrama sobre o fogão! Isso já aconteceu comigo durante as aulas que ministro e daí e tive que reiniciar o processo de purificação com novas claras.
Após 45 minutos de cozimento, a “jóia” está pronta para ser retirada da panela, o que também não é lá tão simples assim. Cuidadosamente deve-se retirar o líquido através do furo feito na crosta e passá-lo por uma peneira fina coberta com um pano de prato limpo. Para merecer o título de consommé, não basta não ser turvo, tem que ser cristalino e saboroso. Caso contrário, continua sendo um reles, porém delicioso, caldo.
Vale o trabalho? Eu Não Tenho dúvidas...
Em oposição à delicadeza do consommé, oferecemos também em nosso cardápio outra sopa, esta sim, bem mais rústica. A soupe au pistou não tem as “frescuras” do modo de preparo do consommé, mas nem por isso deve ser considerada inferior e relegada ao segundo plano. São propostas e sabores extremamente diferentes e únicos.
Essa segunda sopa é basicamente composta de vegetais cozidos em água e fica pronta em menos de 1 hora. O único cuidado exigido é respeitar o tempo de cocção de cada ingrediente. Ou seja, os que demoram mais para amolecer devem ser colocados antes na panela. A cenoura, por ser bem mais dura, deve ser acrescida antes da abobrinha, por exemplo.
Talvez você esteja pensando: “mas qual será o atrativo dessa sopa que parece meio sem graça?” A resposta vem no final, quando chega a hora e a vez da pasta que dá nome à sopa. É o pistou entrando em cena para dar um incrível realce. Uma jóia da coroa.
O pistou mistura alho cru, folhas de manjericão, azeite e parmesão ralado que devem ser amassados preferencialmente num pilão ou podem ser rapidamente batidos no processador. E garanto que o aroma dessa pasta por si só já abre o apetite. Quando incorporado à sopa, então, ganha vida e frescor. Mas atenção, essa pasta deve ser acrescentada com o fogo já desligado para que o parmesão não fique “borrachudo”. E é só. A tradicional sopa de legumes ganha suaves ares campestres, além de nova personalidade.
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